Petrobras não deve reajustar preço do diesel tão cedo, apontam consultorias
Os reajustes feitos pela Petrobras este mês nos preços da gasolina e do gás liquefeito de petróleo (GLP) que produz não devem alcançar o diesel tão cedo. Segundo as consultorias Argus e StoneX, que acompanham preço e movimentação real de cargas no mercado brasileiro, a forte entrada de diesel russo vendido com desconto aos preços da bolsa de Nova York, segue criando um colchão que tira a pressão dos preços praticados pela estatal. A leitura foi corroborada ao Broadcast por fontes e ex-executivos da Petrobras sob a condição de anonimato.
Defasagem e mercado internacional
Assim, embora entidades como a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) e o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) sigam reportando, com frequência, uma defasagem superior a 10% entre os preços do diesel Petrobras e o preço de paridade de importação (PPI) – que chegou a 19% no início de julho – esses valores não seriam aderentes à realidade, porque seu cálculo leva em conta os preço do produto importado do Golfo, praticamente extinto do mercado brasileiro.
Conjuntura atual do diesel
Na terça-feira, 23, a defasagem seria de 10% ou R$ 0,39 por litro segundo a Abicom, e de 7,24% ou R$ 0,27 segundo o CBIE. Mas, para os consultores Amance Boutin, da Argus e Thiago Vetter, da StoneX, essa defasagem tem sido bem menor, oscilando entre 2% e 4%. No caso do diesel, portanto, a conjuntura é confortável à atual gestão da empresa, da presidente da Petrobras, Magda Chambriard. O preço do diesel da estatal não é reajustado há 205 dias, desde 27 de dezembro de 2023, quando foi reduzido em 7,8%.
Impacto das importações russas
Segundo informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), o diesel russo respondeu por 97,8% do total importado pelo Brasil em maio e 71,2% em junho. No mês passado, outras origens relevantes de diesel foram Índia (16%), Omã (8%) e, finalmente, Estados Unidos, com 5% do total. De acordo com Vetter, da StoneX, 74% de todo o diesel trazido para o Brasil veio da Rússia.
Desafios e cenário futuro
Bem conhecida do mercado, a explicação para a substituição do diesel americano pelo de outros países nas importações brasileiras, reside no desvio dessas cargas para o mercado europeu após o início da guerra da Ucrânia. Então, as cargas russas passaram a ser boicotadas pelos países da União Europeia e encontraram mercados na Ásia e na América Latina.
Previsões e perspectivas para o mercado
O diretor do CBIE, Pedro Rodrigues, reconhece o efeito do diesel russo na defasagem real do preço Petrobras. “Quando se tem um produto como o diesel russo, vendido a preço abaixo do mercado internacional por conta dos embargos, isso reduz a diferença entre o preço do importado e do que é fabricado no País. Um diesel mais barato é bom para o Brasil. Mas, mesmo com a presença do produto russo, ainda há uma defasagem no preço da Petrobras”, afirma.
Desafios e possíveis reajustes
Já o especialista em combustíveis da Argus, Amance Boutin, detalha que o preço do diesel russo vinha sendo vendido em portos brasileiros US$ 0,25 centavos mais barato por galão que o negociado na Bolsa de Nova York, o que dá uma diferença considerável de R$ 0,36 por litro. Essa redução do desconto, diz Amance, explica a redução relativa do produto russo no mercado brasileiro na passagem de maio para junho e, na sua avaliação, pode configurar um novo normal.
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