Embarcação encontrada no litoral paraense tinha destino nas Ilhas Canárias, aponta Polícia Federal

O destino da embarcação encontrada no litoral paraense no sábado (13) era as Ilhas Canárias, na Espanha, avalia a Polícia Federal (PF). O arquipélago é usado como rota migratória para a entrada no continente europeu. Segundo a PF, os indícios apontam que o barco provavelmente saiu da Mauritânia, na África, e acabou pegando uma corrente marítima com destino ao Brasil.

Mais de 25 pessoas estavam a bordo da embarcação, segundo estimativa da PF

Foram encontrados nove corpos na embarcação, mas a PF estima que pelo menos 25 pessoas estavam a bordo, construído artesanalmente, sem leme, motor ou sistema de direção.

Perícia indica origem africana das vítimas

“Ao todo, foram encontrados nove corpos, sendo oito dentro da embarcação e um nono corpo próximo a ela, em circunstâncias que sugeriam fazer parte do mesmo grupo de vítimas”, informou a PF. A perícia inicial, realizada em conjunto com a Polícia Científica do Pará, indica que os documentos e objetos encontrados junto aos corpos eram migrantes do continente africano, da região da Mauritânia e Mali. É possível ainda que as vítimas sejam de outras nacionalidades.

Migração e mortes no trajeto

A Organização Internacional das Nações Unidas para as Migrações no Brasil (OIM) lamentou a morte de pessoas e se solidarizou com suas famílias. Segundo relatório da OIM, entre 2014 e 2023 mais de 64 mil pessoas morreram ou desapareceram ao longo de suas trajetórias migratórias. Desse total, quase 60% das mortes documentadas durante a migração estão ligadas a afogamentos.

Rotas migratórias perigosas

A agência da ONU aponta que as principais rotas utilizadas são a travessia do Deserto do Saara para o norte da África e a rota do Atlântico para as Ilhas Canárias da Espanha. Em 2023, foram registradas pelo menos 1.866 mortes de migrantes de países africanos, evidenciando os riscos enfrentados durante o trajeto.

Posicionamento do Acnur

Em nota, o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) lamentou as mortes e reforçou a importância de uma abordagem integrada entre os países para ajudar pessoas deslocadas. O Acnur lembra a situação de grave violação de direitos humanos no Mali e em Burkina Faso, facilitando o processo de reconhecimento de refugiados provenientes desses países.

Situação nos países de origem

O Mali e a Mauritânia vivem momentos de instabilidade política e atuação de grupos armados, o que contribui para o aumento de migrações. O Acnur destaca a necessidade de abordar os desafios enfrentados nos países de origem, trânsito e destino, para garantir o acesso à proteção internacional e fortalecer os sistemas de asilo.

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