Desafio: combater racismo na gestão pública com falta de recursos

Relatório aponta discrepâncias regionais em ações de combate ao racismo no Brasil

Um relatório elaborado pela Fundação Tide Setubal analisou 913 ações municipais realizadas entre 2021 e 2023, juntamente com 157 ações estaduais implementadas em 2023. O estudo destacou discrepâncias regionais e lacunas significativas no que diz respeito às iniciativas de combate ao racismo e promoção da igualdade pela gestão pública brasileira. Embora tenha identificado avanços, como a ampliação de iniciativas na área da educação e cultura, o relatório também apontou desafios estruturais, como a falta de transversalidade nas políticas públicas e recursos financeiros insuficientes.


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Números e destaques do relatório

De acordo com o relatório intitulado “Mapeamento de Ações de Combate ao Racismo e Promoção da Igualdade pela Gestão Pública Brasileira”, as 913 ações municipais foram identificadas em 130 cidades, com uma média de 6,76 ações por município. Destaca-se que o Nordeste registrou o maior número de ações, enquanto o Sudeste apresentou a maior média por município, com 10,75 iniciativas em média. A pesquisa revelou que apenas 3,3% das iniciativas contavam com orçamento próprio identificado, o que pode comprometer sua sustentabilidade.

Em relação às ações estaduais, foram implementadas 157 iniciativas em 2023, com ênfase nas áreas de educação (52%), cultura (27%) e segurança pública (17%). Nove dessas ações contaram com orçamento explícito, utilizando recursos próprios, emendas parlamentares ou parcerias.

Desafios e dificuldades enfrentadas

O estudo apontou que a implementação e continuidade das ações enfrentam desafios, como a dificuldade em garantir a execução efetiva e a falta de investimentos a longo prazo. A falta de acesso a informações técnicas relevantes nos meios de comunicação oficiais das gestões e a escassez de detalhes sobre os valores investidos nas ações também foram destacados como pontos de preocupação pelo relatório.

Importância do mapeamento para a gestão pública

O professor da Universidade Estadual de Maringá, secretário executivo da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros e pesquisador visitante da FGV Direito SP, Delton Felipe, ressaltou a relevância do mapeamento para avaliar a atuação da gestão pública na promoção do combate ao racismo e busca pela igualdade. Ele destacou que o mapeamento fornece material para a formação dos gestores, permitindo identificar iniciativas bem-sucedidas em diferentes esferas governamentais.

O relatório finaliza ressaltando que, apesar dos avanços nas ações de combate ao racismo e promoção da igualdade racial, ainda existem desafios a serem superados. A sugestão é que a gestão pública atue de forma abrangente, expandindo as ações para áreas como agropecuária, desenvolvimento rural, saneamento básico, meio ambiente, desenvolvimento econômico, entre outras.

Fonte: Agência Brasil

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