
Deputada Célia Xakriabá denuncia violência policial durante marcha em Brasília
A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL/MG) enviou ofícios aos ministérios da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e dos Povos Indígenas (MPI) solicitando providências após ser vítima de violência policial durante a marcha do Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília, no dia 10 de abril.
Xakriabá requer medidas urgentes para a apuração dos acontecimentos, responsabilização dos envolvidos e garantia de sua segurança pessoal. Ela relata ter sido atingida por spray de pimenta e bombas de efeito moral lançadas pelas forças de segurança.
“Quando a polícia lança bombas de gás e spray de pimenta contra um ato pacífico, com mais de 6 mil indígenas reunidos para defender a Constituição, não estamos diante de um excesso isolado. Estamos diante de uma ação institucional que precisa ser investigada com rigor e punida”, defende a deputada.
Medidas solicitadas
A parlamentar também requer a abertura de inquérito pela Polícia Federal, a liberação das imagens de segurança do Congresso Nacional no dia da marcha, recomendações para evitar novos episódios de violência e audiências com os ministérios envolvidos.
Xakriabá destaca que, durante a manifestação “A Resposta Somos Nós”, promovida pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), identificou-se como parlamentar em exercício, mas foi impedida de acessar a Câmara dos Deputados e sofreu queimaduras nos dedos. Mulheres e crianças indígenas também foram feridas na ação.
Os ofícios mencionam a truculência das polícias Militar do Distrito Federal (PMDF) e Legislativa do Congresso (Depol), além da omissão do Detran-DF e do Corpo de Bombeiros (CBMDF) por se recusarem a prestar socorro imediato alegando falta de autorização superior.
Célia Xakriabá denuncia discursos racistas e de incitação à violência na véspera da manifestação em reunião virtual da Secretaria de Segurança Pública do DF. Esses eventos, segundo ela, indicam uma premeditação na repressão ao protesto. Uma representação foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a Procuradoria da República no DF iniciou uma investigação.
Violência política e institucional
A deputada acionou ainda o Ministério das Mulheres, o Ministério da Igualdade Racial (MIR) e o Conselho Nacional dos Direitos Humanos. A denúncia inclui violência política de gênero, racial e institucional, ressaltando que, por ser uma mulher indígena que utiliza vestimentas tradicionais e pinturas corporais, foi alvo claro de deslegitimação e hostilidade.
“A violência que sofremos naquele dia não foi só física. Ela carrega o peso do racismo, do machismo e do colonialismo que insiste em negar a legitimidade de uma mulher indígena ocupar espaços de poder. Usar cocar, pintura e falar em nome do nosso povo não deveria ser motivo de violência, e sim de respeito. Não é só contra mim. É contra todas as mulheres indígenas que ousam existir e resistir no espaço político”, disse a deputada.
Célia Xakriabá solicitou ao Conselho Nacional dos Direitos Humanos a abertura de um procedimento de apuração, destacando que os eventos configuram um ataque à democracia e ao exercício do mandato parlamentar.
Fonte: Agência Brasil
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