
Três enchentes históricas devastam o Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul
Em apenas oito meses, três enchentes históricas arrasaram cidades inteiras da região do Vale do Taquari, que abrange dezenas de municípios na região central do Rio Grande do Sul, com forte presença da agricultura familiar e uma agroindústria até então pujante.
Cenário de destruição
O cenário que se vê após a catástrofe mais recente é o de uma zona de guerra, com pontes destruídas, casas em ruínas, entulho e lama acumulados por todos os lados, e a população abalada. A tragédia no estado começou no final de abril e as cheias dos rios afetaram praticamente todos os municípios gaúchos.
A reportagem da Agência Brasil percorreu, no domingo (19), parte do Vale onde ainda há bloqueios e restrições de acesso a cidades como Roca Sales e Arroio do Meio, que estão entre as mais devastadas. Até pouco mais de uma semana atrás, nem mesmo as rodovias importantes, que conectam a capital ao interior, como a BR-386, estavam totalmente liberadas, devido a inundações na pista.
Imagens inesquecíveis
Uma das cenas que viralizou na internet, durante os dias trágicos de cheia, mostrava justamente a ponte da rodovia federal sobre o Rio Taquari, na entrada de Lajeado, praticamente coberta pela água e o caudaloso rio transbordando pelas margens encobrindo fábricas e lojas, incluindo uma unidade da rede Havan e sua icônica réplica da estátua da Liberdade.
Duas semanas depois, as marcas da força da natureza seguem visíveis, com o parapeito de concreto da ponte repleto de galhos e os barrancos às margens do rio com árvores grandes mortas, arrancadas desde a raiz. Uma fábrica de vidros que ficava próxima à ponte, também às margens da rodovia, anunciou pelas redes sociais que mudará de endereço, após ser destruída pela correnteza do rio.
Adaptação e mudança
Não muito longe dali, um outro ponto de destruição segue causando transtornos a moradores e trabalhadores da região. Levada pela correnteza do Rio Forqueta, afluente do Taquari, a ponte da rodovia estadual RS-130, entre Lajeado e Arroio do Meio, se tornou um pedaço de concreto caído na ribanceira do rio.
Desde o último dia 15 de maio, o isolamento deu lugar a uma travessia exclusiva para pedestres, montada pelo Batalhão de Engenharia do Exército.
Desafios diários
“Eu trabalho em Arroio do Meio, mas eu atravesso aqui porque como a gente não tem mais acesso, não vem mais mercadoria para Arroio e daí a gente atravessa para vir pegar suplemento e voltar para lá, né?”, relata a vendedora Simone Feil.
Centenas de trabalhadores que vivem em uma cidade, mas trabalham na outra, agora precisam chegar por transporte até um dos lados do rio e atravessar a “passadeira” de pedestres – como é chamada a travessia improvisada com uma passarela de madeira sobre botes.
Preocupação econômica
O estudante Leonardo Friedrich conta que as enchentes deixaram um rastro de destruição em sua cidade natal, Arroio do Meio, e que ele evita até ver os vídeos que circularam nas redes sociais.
“O relato que a gente tem é que não tem mais nada. Hoje, eu moro em Lajeado, mas os vídeos que eu menos vi foram os de Arroio do Meio, é o lugar que tu conhece, e ver tudo destruído é complicado. Amigos que foram atingidos eu tenho em todas as cidades próximas, e todos falam a mesma coisa: que lugares onde a água nunca tinha chegado, desta vez cobriu o teto”.
União comunitária
Na pequena cidade de Colinas, a Igreja Evangélica Luterana se tornou um ponto de distribuição de donativos, como alimentos, roupas, material de limpeza, cobertores, colchões e água, que vieram de Taió, em Santa Catarina. As pessoas só precisam chegar e pegar o que quiserem. Parte das doações é para crianças, vinda da escola Leopoldo Jacobsen, também do município catarinense.
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