Universidade suspende atividades e decreta luto por estudante falecido no RJ.

Suspensão das atividades acadêmicas na UFRRJ após conflito armado

A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), localizada em Seropédica, suspendeu todas as atividades acadêmicas nesta terça-feira (9) devido aos graves acontecimentos decorrentes de um conflito armado ocorrido no dia anterior (8) entre organizações criminosas. O estudante Bernardo Paraíso, de 24 anos e no último ano de ciências biológicas, foi uma das vítimas fatais do confronto.

A instituição declarou luto oficial de três dias em memória de Bernardo Paraíso, expressou condolências aos parentes e amigos do jovem e ressaltou a indignação compartilhada por todos diante do ocorrido. A Administração Central da UFRRJ afirmou que seguirá monitorando a situação e se comprometeu a colaborar com os esforços da comunidade universitária e da sociedade civil para exigir das autoridades medidas urgentes a fim de reverter a situação de “extrema vulnerabilidade” em que o município se encontra.

Outros feridos no incidente

O bebê Daniel Claudino da Silva Pinto, com 1 ano, sua irmã Maitê, com 3 anos, e a mãe das crianças, Rosiane Claudino de Freitas, de 34 anos, também foram atingidos por disparos durante o conflito ocorrido na segunda-feira. Eles estavam próximos ao supermercado onde Bernardo Paraíso realizava compras, junto com uma amiga que também é estudante.

Os feridos foram levados ao Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O bebê, atingido de raspão no joelho esquerdo, passou por exames de imagem que não indicaram fraturas e recebeu alta ainda no mesmo dia (8). Já a menina, que sofreu disparos na altura da coluna e, no ombro esquerdo, próximo ao tórax, apresenta estado grave e está sob cuidados de neurocirurgiões e ortopedistas, devendo passar por cirurgia para correção de uma fratura no braço esquerdo. A mãe das crianças foi baleada na coxa esquerda, mas não teve mobilidade restrita e foi liberada no mesmo dia.

Violência em Seropédica

De acordo com o Instituto Fogo Cruzado, especializado em produzir e divulgar dados abertos sobre violência armada, este episódio eleva para 66 o total de tiroteios em Seropédica nos últimos oito anos. Entre julho de 2016 e abril deste ano, 27 pessoas foram mortas e 17 ficaram feridas no município.

Apenas neste ano, em 10 tiroteios registrados, duas pessoas morreram e cinco ficaram feridas. Moradores de Seropédica há tempos têm denunciado a violência na região. Apenas em abril deste ano, em nove dias, o município teve o maior número de tiroteios e feridos dos últimos oito anos, totalizando cinco confrontos, com sete pessoas baleadas (incluindo uma fatalidades). Nos últimos 30 dias, houve oito tiroteios, resultando em uma vítima fatal e seis feridos, configurando o período mais violento da série histórica.

Fragmentação da milícia

O professor de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, José Cláudio Alves, apontou que a morte de líderes milicianos na região de Seropédica nos últimos anos ocasionou a fragmentação de grupos paramilitares na área. Ele relatou que até as festas realizadas pelos estudantes em repúblicas locais dependem do pagamento de uma taxa imposta pelos milicianos para sua realização.

Para José Alves, com as eleições municipais se aproximando, as milícias tendem a apoiar os candidatos que ofereçam maiores quantias financeiras a fim de manter influência no local.

Manifestação pela paz

Diante da situação, os moradores de Seropédica planejam realizar uma grande caminhada pela paz no centro do município no próximo sábado (13), seguida de um encontro com deputados estaduais na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para discutir soluções para o problema da criminalidade na cidade. Uma das demandas é o aumento do efetivo policial e a extensão da atuação policial até o campus da UFRRJ.

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