Saúde de crianças afetada por poeira de tragédia em Brumadinho

Estudo aponta impacto da poeira de Brumadinho na saúde das crianças

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que a poeira presente nas áreas de Brumadinho afetadas pelo rompimento de uma barragem da mineradora Vale teve impactos significativos na saúde das crianças. O trabalho faz parte do Projeto Bruminha, criado com o objetivo de avaliar a saúde das crianças com até 6 anos nas comunidades impactadas ao longo de quatro anos, entre 2021 e 2024.

Riscos à saúde das crianças expostas à poeira

De acordo com o estudo, nas áreas atingidas pela tragédia houve um aumento de 75% nos relatos de alergia respiratória em comparação com uma localidade não afetada. Além disso, as crianças expostas à poeira proveniente do rompimento da barragem têm três vezes mais chances de desenvolver alergias respiratórias em comparação com outras crianças. Os resultados foram publicados nos Cadernos de Saúde Pública, revista científica da Fiocruz.

Impacto nas crianças acima de 4 anos

A faixa etária acima de 4 anos foi a mais afetada, apresentando problemas de saúde relacionados a alergias respiratórias e comprometimento das vias aéreas superiores e inferiores. Segundo os pesquisadores, isso se deve ao fato de que as crianças nessa faixa etária têm mais acesso a ambientes externos, aumentando sua exposição à poeira. Entre os problemas relatados, estão rinite, sinusite, otite, pneumonia, asma, sibilos, bronquite e alergias.

Impacto diferenciado por gênero

O estudo também mostrou que os problemas de saúde foram relatados com mais frequência em crianças do sexo masculino. Os pesquisadores destacam que isso pode estar relacionado às características culturais dos territórios, que proporcionam maior acesso dos meninos a espaços externos e comunitários.

Tragédia de Brumadinho e medidas de reparação

A tragédia de Brumadinho, que ocorreu em janeiro de 2019, resultou na perda de 272 vidas e gerou grandes impactos nos municípios próximos. Em fevereiro de 2021, um acordo de reparação foi firmado entre a Vale, o governo estadual e outras instituições, totalizando investimentos de R$ 37,68 bilhões em ações socioeconômicas, ambientais e melhorias na região.

Demanda por recursos adicionais para questões de saúde

Os estudos de Risco à Saúde Humana e Risco Ecológico ainda estão em andamento e devem trazer informações importantes sobre a saúde humana, a fauna e a flora da região impactada. Conforme decisão judicial, medidas baseadas nesses estudos deverão ser asseguradas pela Vale com recursos adicionais, além dos previstos no acordo firmado em 2021.

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