Violência contra mulher atinge patamar alarmante no estado do Rio de Janeiro
Na semana passada, uma mulher de 39 anos foi morta após ser atacada pelo ex-companheiro e ter o corpo incendiado em uma plataforma de trem na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Mesmo sendo levada para um hospital, ela não resistiu. O homem, responsável pelo crime, cometeu suicídio ao se jogar da Ponte Rio-Niterói.
Crescente número de casos assusta população
No dia seguinte, outro caso chocante foi registrado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, quando uma mulher sofreu queimaduras durante uma discussão com o companheiro. O homem jogou álcool no quarto do casal e ateou fogo, resultando em ferimentos graves na mulher.
Esses dois episódios de extrema violência ocorreram em meio a um cenário de aumento significativo de casos e tentativas de feminicídio no estado do Rio de Janeiro, conforme dados do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ). Nos dois primeiros meses deste ano, foram registrados 20 casos e 82 tentativas de feminicídio, totalizando 102 ocorrências.
Estatísticas alarmantes
Os dados de fevereiro de 2024 revelam um recorde de tentativas de feminicídio desde 2018, com 47 casos registrados. O aumento na violência contra a mulher tem preocupado as autoridades e mobilizado a sociedade civil em busca de soluções e formas de prevenção.
O governo do Rio de Janeiro destaca que o combate à violência contra a mulher é uma prioridade e ressalta o trabalho das delegacias especializadas no atendimento a mulheres vítimas de violência doméstica. A Polícia Civil afirma que 100% das investigações de feminicídios ocorridos na região metropolitana do Rio resultam na elucidação do crime.
Punição não basta, é preciso prevenção
Pesquisadoras ouvidas pela Agência Brasil enfatizam a importância de investimentos em campanhas preventivas e educativas para mudar a realidade da violência contra a mulher. Apenas punir os criminosos não é suficiente para que haja uma transformação efetiva nesse cenário.
Para Jacqueline Pitanguy, pesquisadora e coordenadora da ONG Cepia, a prevenção por meio de campanhas regulares e ações de educação nas escolas são fundamentais para mudar o atual panorama. Ela ressalta a importância de mostrar que existem outras formas de resolver conflitos sem recorrer à violência.
Cristiane Brandão, coordenadora do Grupo de Pesquisa sobre Violência de Gênero da UFRJ, reforça a necessidade de atuar em diferentes esferas, incluindo a educação a longo prazo e o fortalecimento de centros de referência para acolhimento de mulheres em situação de violência.
Desconstrução da estrutura patriarcal é essencial
Como apontam as especialistas, a violência contra a mulher está enraizada em estruturas patriarcais que permeiam a sociedade brasileira. A cultura do machismo e da dominação masculina impacta diretamente nas relações afetivas e familiares, aumentando a vulnerabilidade das mulheres.
É necessário investir em campanhas que promovam a equidade de gênero e desconstruam essas estruturas de poder que perpetuam a violência. A sociedade como um todo deve estar engajada nesse processo de transformação para que a segurança e o bem-estar das mulheres sejam garantidos.
Subnotificação é um entrave para o combate eficaz
A subnotificação dos dados de violência contra a mulher é um problema grave que compromete a eficácia das políticas de combate ao feminicídio. Diversos casos não são devidamente registrados e enquadrados de acordo com a tipificação legal, o que gera uma distorção na análise e no combate ao problema.
É fundamental que haja um olhar mais abrangente e sensível para as diversas formas de violência de gênero, garantindo que todas as mulheres tenham acesso a proteção e amparo diante de situações de vulnerabilidade. A luta contra o feminicídio exige um esforço conjunto de instituições, da sociedade e do poder público para garantir a segurança e a dignidade das mulheres.
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