Análise revela conteúdo misógino em vídeos de sedução
Ao se aprofundar na análise qualitativa, os pesquisadores se depararam com vídeos que, a pretexto de “ensinar técnicas de sedução” para outros homens, divulgam estratégias de manipulação e violência psicológica e estimulam o uso de aplicativos de espionagem para o monitoramento de mulheres.
Segundo a diretora do NetLab, responsável pela pesquisa, as plataformas de vídeos afirmam em seus termos de uso que não permitem esse tipo de conteúdo, mas na prática, a realidade é outra. Cerca de 80% dos canais analisados recebem dinheiro do Youtube através da divulgação de publicidade, formando um ecossistema que gera lucro tanto para os criadores de conteúdo quanto para as próprias plataformas.
Além disso, os produtores de conteúdo encontraram maneiras alternativas de monetização, como pedidos de doação e transferência bancária, especialmente por PIX e criptomoedas. Também divulgam sites para a venda de produtos e serviços como e-books, cursos e consultorias, criando uma demanda pela misoginia como produto comercializável. Cerca de 28% dos canais também utilizam plataformas de financiamento coletivo (crowdfunding).
Para preservar a integridade dos membros do NetLab e não dar publicidade aos canais de conteúdo misógino, os pesquisadores optaram por não identificar vídeos e influenciadores analisados. A Agência Brasil entrou em contato com o Youtube para obter um posicionamento da plataforma de vídeos.
Na divulgação do relatório da pesquisa, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, ressaltou a urgência da regulamentação das redes sociais. Ela destacou a importância de fortalecer o debate sobre a questão da regulamentação, combater o discurso de ódio e envolver a sociedade no enfrentamento da violência contra as mulheres. Gonçalves também mencionou a necessidade de disputar os conteúdos nas redes sociais, construindo outras formas de conteúdo e discutindo com as plataformas que remuneram a divulgação de conteúdo de ódio.
Fonte: Agência Brasil
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