Herdeiras de Marielle pedem combate à violência política no RJ

Mulheres negras e periféricas veem risco em atuação política após revelações do caso Marielle Franco

As mulheres negras e originárias de regiões periféricas consideram que as revelações mais recentes sobre o caso Marielle Franco evidenciam que sua atuação política está sujeita a riscos, especialmente pela resistência à ligação entre crime e agentes do Estado. Figuras consideradas “herdeiras” das causas defendidas pela vereadora assassinada há seis anos aguardam que o desfecho do caso represente uma oportunidade para o fim da violência política no país.

Operação Murder Inc.

No domingo (24), a Operação Murder Inc. executou três mandados de prisão preventiva e 12 mandados de busca e apreensão, todos no Rio de Janeiro, relacionados à morte da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes, em uma ação coordenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Entre os presos, estão Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio de Janeiro, o deputado federal Chiquinho Brazão, expulso do partido União Brasil/RJ na segunda-feira (25), e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do RJ. Os irmãos Brazão são apontados como mandantes do crime, enquanto o delegado Rivaldo é acusado de auxiliar no planejamento e dificultar a investigação.

A ação contou com a participação da Procuradoria-Geral da República (PGR), do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Polícia Federal (PF).

Contrariar interesses

Para a deputada estadual Dani Monteiro (Psol), que nasceu no Morro do São Carlo, local próximo ao local onde o carro de Marielle foi alvejado por 13 tiros, a atuação em prol dos direitos humanos envolve constantes embates contra interesses obscuros de agentes do Estado. Ela destaca que o Rio de Janeiro sempre foi estruturado por grupos políticos com projetos de poder próprios, que se articulam para manter o controle das instituições.

Dani Monteiro, que foi assessora de Marielle, enfatiza que a investigação da PF aponta que o Estado é um dos fomentadores da insegurança, promovendo violência como parte de projetos de poder de determinados grupos políticos. Ela salienta que essa exposição ao perigo é parte integrante do trabalho, porém, é necessário expor, debater e apresentar soluções, seguindo em frente apesar dos desafios.

Surpresa e risco

A militante pelos direitos humanos e ex-deputada estadual Mônica Francisco, que era assessora de Marielle durante o crime, expressou surpresa com o envolvimento do delegado Rivaldo Barbosa no caso, destacando a proximidade entre eles. Ela ressalta que as prisões confirmam que a morte de Marielle foi um crime político articulado por setores da política e da polícia alinhados.

As prisões dos suspeitos levantam a discussão sobre a atuação política de risco para ativistas como Mônica, que se veem desprotegidas diante da relação direta entre criminosos e autoridades. A necessidade de repensar a segurança pública no Rio de Janeiro é um tema recorrente, especialmente para mulheres negras periféricas atuantes como Mônica.

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