Grandes Invisíveis: Gaúchos gordos sem roupa após enchentes

Catástrofe climática no Rio Grande do Sul revela desigualdade

A catástrofe climática que assolou o Rio Grande do Sul recentemente trouxe à tona uma realidade que muitos ignoravam: nas situações de tragédia, as pessoas são afetadas de forma desigual. O racismo climático se mostra presente, impactando de maneira mais severa pessoas pretas e periféricas, que enfrentam maior dificuldade para se reerguerem após os desastres naturais. Além disso, grupos vulneráveis como pessoas em situação de rua, mulheres chefes de família e pessoas gordas encontram-se em uma situação ainda mais precária, sofrendo com a perda de tudo e a falta de apoio.

Atendimento aos afetados pela enchente no Rio Grande do Sul

A empreendedora Viviane Lemos, conhecida por seu trabalho no segmento plus size, iniciou uma mobilização logo nos primeiros dias das enchentes no estado para atender os afetados. Através de relatos desesperados, Viviane soube da situação de muitas pessoas que estavam sem o básico para se vestir, incluindo lençóis utilizados como vestimenta devido à falta de roupas adequadas.

“Mas nunca pensei que fosse nesse nível, nessa escala que a gente está tendo hoje. E com certeza ser uma mulher gorda me deixou nesse lugar empático, porque pessoas não gordas não conseguem visualizar essa dificuldade e essa crise que a gente está vivendo no sentido de vestir essas pessoas gordas que não conseguem roupas”.

A Associação de Doação de Roupas Plus Size, liderada por Viviane, já entregou mais de 48 mil peças de vestuário grande desde o início das enchentes, mas a demanda é muito maior, atingindo cerca de 95 mil pessoas que precisam de roupas nesses tamanhos.

Mobilização via redes sociais

Para ampliar as doações, as redes sociais têm sido fundamentais na divulgação do projeto. Pessoas como a criadora de conteúdo Maqui Nóbrega se uniram à causa, enviando doações e incentivando seus seguidores a contribuir. A solidariedade se tornou uma força motriz para garantir que mais pessoas sejam atendidas por essa iniciativa.

Desafios enfrentados e necessidades futuras

Apesar dos esforços realizados, há desafios a serem superados, como a escassez de determinados tamanhos de roupas nos estoques da associação. A suspensão temporária dos Correios para recebimento de doações também impactou negativamente a arrecadação. No entanto, a associação continua buscando alternativas para atender às demandas crescentes da população afetada pelas enchentes.

Novas etapas do projeto

Além das doações materiais, é necessário investir em apoio emocional e suporte para aqueles que perderam tudo na tragédia. Viviane Lemos destaca a importância de dar continuidade ao projeto, visando atender não apenas com roupas, mas também com assistência em outras áreas essenciais para a reconstrução das vidas afetadas.

Gordofobia e desafios sociais

A necessidade de arrecadação específica de roupas plus size revela as camadas de invisibilidade e discriminação enfrentadas pelas pessoas gordas na sociedade. Maqui Nóbrega aponta para a urgência de combater a gordofobia e sensibilizar a população sobre as dificuldades enfrentadas por essas pessoas, que muitas vezes são negligenciadas e excluídas.

Desafios futuros e a importância da conscientização

Com as previsões de eventos climáticos extremos tornando-se mais frequentes, é essencial que a sociedade esteja preparada para enfrentar os desafios que surgem dessas situações. A conscientização sobre a gordofobia e a necessidade de inclusão e solidariedade são fundamentais para garantir que todos os indivíduos sejam atendidos e respeitados em momentos de crise.

Como ajudar

Para contribuir com o trabalho da Associação de Doação de Roupas Plus Size, é possível realizar doações via Pix para o CNPJ informado ou enviar a doação para o endereço físico indicado. A divulgação das ações do projeto é feita diariamente através da página BpsPoa.Feira no Instagram.

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