Desigualdade Racial: Trabalhadores Negros Recebem Menos por Hora Trabalhada
A hora trabalhada de uma pessoa branca vale 67,7% mais que a de trabalhadores pretos e pardos. Enquanto negros – conjunto de pretos e pardos – recebem R$ 13,70 em média, os brancos recebem R$ 23. Invertendo a ordem, significa também dizer que negros recebem por hora 40% a menos que os brancos.
Diferença Racial na Remuneração
O dado revelado faz parte da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao observar a diferença racial pela escolaridade, foi possível notar que os brancos recebem mais que os pretos e pardos pela hora trabalhada em todos os níveis. Entre os sem instrução ou fundamental incompleto, por exemplo, a diferença é de 30%.
A maior disparidade é entre os trabalhadores com ensino superior completo, quando os brancos recebem 43,2% mais pela hora trabalhada – R$ 40,24 contra R$ 28,11.
O estudo traz também o tamanho da desigualdade no rendimento médio real da população. Enquanto a média salarial geral no país ficou em R$ 2.979, a média do salário dos brancos é R$ 3.847, superando em 69,9% o valor dos negros – R$ 2.264.
Desigualdade na Remuneração em 2022 e 2023
Ao comparar com dados de 2019, a desigualdade racial referente aos rendimentos diminuiu, porém permanece em patamar “extremamente elevado”. A pesquisadora do IBGE Denise Guichard Freire destaca que a diferença estrutural nos rendimentos médios reais permanece.
Apesar da redução de 2019 a 2023, a desigualdade racial na remuneração média nos dois últimos anos da pesquisa revelou um aumento da disparidade, de 65% para 69,9%. Esse efeito tem relação com a posição ocupada pelas pessoas em um ano marcado pela recuperação do mercado de trabalho, segundo Denise Freire.
Desigualdade por Sexo
A análise por sexo mostra que homens superam mulheres em termos de rendimento médio recebido. Eles ganham R$ 3.271 contra R$ 2.588 das brasileiras, ou seja, 26,4% a mais.
Em relação ao valor da hora trabalhada, os homens recebem R$ 18,81 em 2023, 12,6% a mais que as mulheres (R$ 16,70).
Os resultados indicam a existência de desigualdade estrutural, presentes em todos os anos de 2012 a 2023. A desagregação por cor ou raça e por sexo é fundamental para o reconhecimento das desigualdades no Brasil, ressalta o IBGE.
Informalidade e Subutilização da Mão de Obra
O nível de informalidade é mais uma forma de enxergar a desigualdade racial no mercado de trabalho do país. Em 2023, a proporção de pessoas em ocupações informais era de 40,7%. Ao analisar por cor, identifica-se que a informalidade entre os brancos era de 34,3%, enquanto entre os negros era de 45,8%.
Trabalhador informal é aquele que não tem garantidos direitos como férias, contribuição para a previdência social e 13º salário. A desigualdade estrutural do mercado de trabalho brasileiro é desfavorável aos trabalhadores de cor ou raça preta ou parda, conforme registra o IBGE.
Os dados da subutilização da mão de obra brasileira mostram que a taxa foi de 18% em 2023, sendo de 13,5% para os brancos e 21,3% para pretos e pardos. A desigualdade também está presente em relação ao sexo, com 14,4% para homens e 22,4% para mulheres.
Cuidado Familiar Não Remunerado
O nível de ocupação da população brasileira em 2023 revelou uma disparidade entre homens e mulheres, com os homens apresentando um índice 20 pontos percentuais maior que as mulheres. Essa disparidade é historicamente presente no mercado de trabalho no país, segundo a pesquisadora Denise Freire.
A remuneração do cuidado familiar foi um dos temas discutidos por ativistas pela igualdade de gênero, conforme mostrou a Agência Brasil durante as reuniões preparatórias para a reunião do G20, que aconteceu em novembro, no Rio de Janeiro.
Fonte: Agência Brasil
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