Dia de protestos e fúria em Israel: data nacional une israelenses e canaliza guerra em Gaza.

Dia de União Nacional em Israel revela profundas divisões na sociedade

O que tradicionalmente representa um dia nacional de união acabou refletindo este ano profundas divisões na sociedade israelense. O Memorial Day, que homenageia soldados e vítimas civis de terrorismo mortos no país, transformou-se numa válvula de escape de fúria, capitaneada por famílias de 130 de reféns em Gaza.

Hostilidades e manifestações contra autoridades

O premiê Benjamin Netanyahu, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, e demais membros do gabinete foram hostilizados em cerimônias que aconteceram em todo o país.

Manifestantes deram as costas e abandonaram o Monte Hertz, onde o primeiro-ministro discursava. “Não tenho uma sepultura para onde ir, devolva-os”, implorou Doris Liber, mãe do refém assassinado Guy Iluz.

“O sangue deles está em suas mãos”, dizia um cartaz diante de Gallant, no cemitério militar em Tel Aviv.

Reações e Vaias

O constrangimento e a indignação repetiram-se durante o dia. Dois baluartes da extrema direita que amparam a coalizão governista do premiê — o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, e o das Finanças, Bezalel Smotrich — canalizaram o ódio dos manifestantes e foram vaiados em cerimônias militares.

“Saia daqui criminoso. Lixo, você não nunca pertenceu ao Exército”, gritaram parentes de mortos em Ashdod para Ben Gvir.

No cemitério em Ofakim, o ministro das Finanças foi igualmente confrontado por Einav Zangauker, mãe do refém Matan, uma das líderes do movimento contra o governo, por sua oposição sistemática a um acordo com o Hamas para devolver os sequestrados.

“Ao menos, faça um esforço monumental por aqueles que ainda estão vivos, por aqueles que ainda podem ser salvos”, pressionou ela.

Protestos e Desafios ao Governo

Os protestos espontâneos em uma data que celebra a unidade são significativos e desafiam o governo.

Como escreveu o jornalista Meron Rapoport em artigo publicado pelo “The Guardian”, os parentes dos reféns desempenharam um papel decisivo na mudança da opinião pública, por conseguirem expressar o que os outros israelenses não dizem: a única forma de libertar os reféns é por meio de um acordo com o Hamas, que incluirá o fim da guerra em Gaza.

Jornalista do site investigativo “+972”, Rapoport explica que muitos israelenses não aceitam a razão oficial do governo para a invasão de Rafah de destruir os últimos quatro batalhões do Hamas e pressioná-lo a aceitar os termos de Israel para a libertação dos reféns.

“Após quase 220 dias de guerra, o Exército conseguiu libertar vivos apenas três reféns dos 240 raptados pelo Hamas (mais 104 foram soltos por meio de um acordo e cinco libertados unilateralmente). A ideia de que apenas a pressão militar libertará os reféns, repetida por políticos, generais e comentaristas soa cada vez mais como palavras vazias”, pondera o jornalista.

Numa carta ao comando das Forças de Defesa de Israel, pais de 900 soldados israelenses convocados para a incursão em Rafah, no sul de Gaza, apelam para o cancelamento da ofensiva, que classificam como armadilha mortal e imprudência.

Conclusão

A contar pela raiva refletida nas cerimônias desta segunda-feira (13), o mantra “Liberte os reféns num acordo e acabe com a guerra”, entoado repetidamente por Einav Zangauker, que se tornou símbolo dos parentes de sequestrados, parece ganhar força entre os israelenses.

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