Rússia sob Vladímir Putin: ataque terrorista estremece imagem do ditador
Enquanto o mundo ainda se pergunta como será a Rússia sob Vladímir Putin por mais 12 anos, depois da reeleição que pode mantê-lo no cargo até 2036, um ataque terrorista estremeceu mais uma vez a imagem de inatingível do ditador. Ele teria ignorado alertas da inteligência americana à similar russa. Putin alega que os autores da ação foram presos perto da fronteira da Ucrânia. O atentado em Krasnogorsk deixou mais de 130 mortos e 100 feridos na sexta-feira, 22.
Inimigos por todo lado
E, para afastar a imagem de vulnerabilidade das forças de segurança russas, rapidamente escancarou a “eficiência” de seus métodos para anular inimigos. Quatro terroristas capturados, oriundos do Tadjiquistão, já foram apresentados para julgamento. Eles estavam ensanguentados e espancados, um deles em uma maca e de olhos fechados, porque teria um deles arrancado.
No caso de opositores domésticos, a pilha de mortes é mais nebulosa, com uma lista de desaparecidos, envenenados, fuzilados e acidentados ao longo de 24 anos de poder de Putin, contando os períodos como primeiro-ministro, depois de servir como comandante da antiga KGB. A mais recente morte foi de Alexey Navalny, atribuída a um mal súbito durante uma caminhada do dissidente em um presídio da Sibéria.
Uma demonstração de força do Kremlin, depois de 44 dias de relativa baixa nos conflitos da guerra na Ucrânia, foi o ataque com mísseis hipersônicos a Kiev, justamente na véspera da ação terrorista à casa de shows Crocus em Krasnogorsk, a 20 quilômetros de Moscou. Putin insinuou que o fuzilamento foi um revide dos ucranianos, argumento contestado quando o próprio grupo radical se apresentou como responsável.
Assim Putin vai contornando rachaduras políticas e vulnerabilidades de segurança: com mão de ferro. Mas nem por isso consegue se blindar de ataques terroristas, como ficou demonstrado na carnificina contra a plateia do show da banda de rock Picnic, reivindicado pela ala K do Estado Islâmico.
Esse é um grupo dissidente do Talibã paquistanês, que usaria a ação como publicidade, porque precisa recrutar militantes. Apenas contra a Rússia, foram contabilizados 15 atentados na última década, o pior deles em número, com 224 mortos, na explosão em 2015 de um avião que saiu do Egito.
De modo geral, o Estado Islâmico também conhecido como ISIS considera o Talibã seu pior inimigo, porque teria sido “aliado” dos americanos, e ainda “amigo” dos russos, que promovem ataques contra muçulmanos no Afeganistão, Chechênia e Síria. De orientação sunita, seus atentados atingiram locais de interesse americano na Áustria, Alemanha e Turquia. Mas também focam o Irã, que tem maioria de xiitas, vistos como infiéis.
No início de março, a inteligência americana teria alertado agências de segurança de países europeus sobre ataques terroristas ainda mais sofisticados desse grupo, nos próximos seis meses, tendo como alvos Bélgica, Reino Unido e a França. Em paralelo à guerra na Ucrânia, para reagir ao perigo terrorista interno, Vladímir Putin terá de admitir suas fragilidades, reveladas pelo Estado Islâmico em seu próprio país.
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