Dirigente da Braskem assume responsabilidade por afundamentos em Maceió.

Braskem assume culpa por afundamento de bairros em Maceió

O diretor Marcelo Arantes, representante da Braskem, foi o primeiro a ser ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga a empresa. Ele reconheceu a responsabilidade da companhia pelo afundamento de bairros na capital de Alagoas, que resultou no deslocamento de pelo menos 40 mil pessoas.

“A Braskem tem a sua culpa nesse processo e nós assumimos a responsabilidade por isso”, afirmou Arantes. “Não é à toa que todos os esforços da companhia têm sido colocados para reparar, mitigar e compensar todo o dano causado.”

Reconhecimento histórico na CPI

O relator da CPI, senador Rogério Carvalho, destacou que essa foi a primeira vez que um representante da Braskem assumiu a responsabilidade pelos eventos em Maceió. “Isso é algo importante e foi dito pelo próprio representante da Braskem”, ressaltou o senador.

No entanto, durante a maior parte do depoimento, Arantes, diretor global de pessoas, comunicação, marketing e relações com a imprensa da petroquímica, evitou responder às perguntas feitas na sessão, limitando-se a dizer que desconhecia as informações solicitadas.

Questões técnicas levantadas

Segundo o relator da CPI, a Braskem tinha apenas dez funcionários operando nas minas de sal-gema em Maceió. Além disso, não havia geólogos contratados, nem sondas para monitorar a estabilidade das minas antes de maio de 2019, quando o afundamento foi confirmado como consequência da mineração na região.

“Tais pontos sugerem um aumento do risco de instabilidade geológica por conta do fator humano, da lavra ambiciosa, ou seja, sem razões naturais, e uma conduta contrária ao que os manuais de geologia recomendam”, destacou o relator.

O senador questionou Arantes sobre a redução dos investimentos previstos para as minas de Maceió e a denúncia de que a empresa desligava os pressurizadores durante a noite para economizar energia, aumentando o risco de instabilidade no solo. O diretor não soube responder, alegando falta de conhecimento técnico.

Acordo com vítimas e venda de imóveis

Outro ponto destacado na sessão da CPI foram os acordos firmados entre a Braskem e as vítimas que perderam suas casas em Maceió. Representantes das vítimas denunciaram que foram obrigadas a vender os imóveis por valores baixos e com pouca indenização por danos morais.

O presidente da Associação dos Empreendedores e Vítimas da Mineração em Maceió, Alexandre Sampaio, pediu uma revisão dos acordos à luz da Constituição e dos direitos das vítimas. Ele destacou a necessidade de mapear os verdadeiros danos causados.

Arantes ressaltou que os acordos foram voluntários e que as famílias tiveram apoio de advogados ou defensores públicos durante o processo. O relator, por sua vez, apontou que a pressão para assinatura dos acordos foi indireta, levando muitas pessoas a se sentirem obrigadas a aceitar.

No caso dos moradores do bairro Flexal, foi oferecido o valor de R$ 25 mil por residência. Arantes informou que 99,8% das pessoas já receberam a proposta e 95% já foram indenizadas, com um total de R$15,5 bilhões provisionados pela empresa.

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