Eleições na Bolívia: direita lidera e 23% dos votos indecisos

Bolívia se prepara para eleger novo presidente em meio a incertezas

No domingo (17), a Bolívia vai às urnas para escolher seu novo presidente, além de renovar o Parlamento com 130 deputados e 36 senadores. Os candidatos da direita despontam como favoritos, e cerca de 23% dos votos indefinidos geram incertezas sobre o resultado final do pleito.

Jorge “Tuto” Quiroga e Samuel Doria Medina lideram as pesquisas

O ex-presidente da Bolívia em 2001 e 2002, Jorge “Tuto” Quiroga, considerado de uma direita mais radical, tem estado à frente nas pesquisas, seguido por Samuel Doria Medina, representante de uma direita mais moderada. Com uma população de cerca de 12 milhões de habitantes, a Bolívia faz fronteira com quatro estados brasileiros.

O racha interno no Movimento ao Socialismo (MAS), partido que governa o país desde 2006, pode marcar o fim de um ciclo de governos de esquerda que já dura 19 anos na nação sul-americana.

Com o ex-presidente Evo Morales impedido de participar das eleições e pregando o voto nulo, os principais candidatos ligados à esquerda aparecem em posições menos vantajosas nas pesquisas, devido ao desgaste da associação com o MAS, que enfrenta uma crise econômica persistente.

Incertezas marcam o cenário eleitoral

O alto índice de votos indefinidos, incluindo nulos, brancos e indecisos, somado às incertezas sobre o voto rural, tradicionalmente difícil de medir na Bolívia, adicionam elementos de imprevisibilidade aos resultados das eleições deste domingo.

De acordo com a doutoranda em ciência política na Universidade de São Paulo, Alina Ribeiro, as pesquisas eleitorais na Bolívia costumam não ser muito precisas, o que torna esses votos indefinidos fundamentais para o desfecho do pleito.

Candidatos favoritos e propostas para o futuro

O candidato que lidera as pesquisas, Tuto Quiroga, tem se destacado por sua postura de rompimento com Venezuela, Cuba e Irã, mantendo a Bolívia como membro parceiro do Brics devido aos laços comerciais com China e Índia. Ele propõe reformas econômicas, judiciais e constitucionais, além de prometer soltar o ex-governador Luiz Fernando Camacho, figura simbólica para sua campanha.

Por sua vez, Samuel Doria Medina, apresentando-se como um político mais moderado, busca estabilizar a economia boliviana em seus primeiros 100 dias de governo, destacando a necessidade de corrigir o déficit fiscal e os subsídios para gasolina e diesel no país.

Racha na esquerda boliviana

A esquerda boliviana encontra-se dividida entre os apoiadores de Evo Morales e do atual presidente Luis Arce. O candidato do atual governo, Eduardo del Castillo, que inicialmente tinha baixa intenção de votos, viu sua popularidade subir nas pesquisas. Já o presidente do Senado, Andrónico Rodríguez, símbolo do novo sujeito indígena e camponês, enfrenta desafios após deixar o MAS e ser chamado de “traidor” por Evo.

Apesar das mudanças nas pesquisas, a esquerda ainda não alcançou a mesma força que a direita, com a briga entre Evo e Arce impedindo o apoio a Andrónico, considerado muito associado ao ex-presidente Morales.

As eleições na Bolívia prometem ser um marco na história política do país, com a incerteza e a polarização marcando a disputa eleitoral. O resultado final das urnas revelará o futuro político e econômico da nação andina.

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